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As Maiores Crateras de Asteroides Conhecidas: Um Registro dos Impactos Cósmicos na Terra

Representação artística do impacto de um asteroide criando uma cratera na Terra. Ilustração mostrando o evento catastrófico e suas consequências.

Introdução

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Ao longo de bilhões de anos, a Terra foi constantemente bombardeada por asteroides e cometas, eventos que deixaram marcas indeléveis em sua superfície. Essas colisões cósmicas, muitas vezes de proporções catastróficas, moldaram não apenas a geografia do planeta, mas também influenciaram sua evolução biológica e climática. As crateras de impacto, espalhadas por todos os continentes, são verdadeiros registros geológicos desses eventos, funcionando como cápsulas do tempo que nos permitem compreender o passado violento da Terra e do Sistema Solar.

Cada cratera carrega em si uma história fascinante de colisões titânicas que alteraram paisagens, mudaram padrões climáticos globais e, em alguns casos, desempenharam um papel central em extinções em massa, como o impacto que marcou o fim dos dinossauros há cerca de 66 milhões de anos. Essas formações não são apenas cicatrizes no terreno terrestre; elas são janelas para entender os processos cósmicos que moldaram o nosso planeta e continuam a representar uma ameaça potencial à vida na Terra.

O estudo das crateras de impacto vai além da geologia. Ele conecta disciplinas como astronomia, química, física e biologia, permitindo que cientistas reconstruam a história do Sistema Solar e identifiquem padrões que podem nos ajudar a prever futuros impactos. Além disso, o interesse crescente em impactos cósmicos tem incentivado iniciativas globais para mapear asteroides próximos à Terra e desenvolver tecnologias que possam prevenir colisões futuras.

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Neste artigo, mergulhamos no estudo das dez maiores crateras de impacto conhecidas na Terra, explorando suas origens, dimensões e significados históricos. Analisaremos como esses eventos moldaram o planeta ao longo do tempo, afetando ecossistemas, alterando o clima e até mesmo influenciando o curso da evolução. Com isso, buscamos não apenas compreender o passado da Terra, mas também refletir sobre a vulnerabilidade do nosso mundo diante das forças implacáveis do cosmos.


1. As Maiores Crateras de Impacto da Terra

As maiores crateras de impacto do mundo são testemunhas silenciosas de colisões astronômicas que ocorreram há milhões ou bilhões de anos. Essas formações são essenciais para decifrar a história geológica do planeta, fornecendo informações valiosas sobre eventos cataclísmicos que moldaram a crosta terrestre e influenciaram profundamente a evolução da vida. Muitas dessas crateras foram descobertas através de análises geológicas detalhadas, imagens de satélite, radar de penetração no solo e exploração de campo. Embora a erosão, a atividade tectônica e o intemperismo tenham apagado parte de suas características visíveis, seus núcleos subterrâneos preservam registros cruciais sobre o impacto.

As crateras de impacto são classificadas de acordo com seu tamanho e estrutura, podendo variar de pequenas depressões a formações que abrangem centenas de quilômetros. As maiores crateras, conhecidas como bacias de impacto, frequentemente resultaram na formação de anéis concêntricos e são consideradas marcos geológicos de grande relevância. A seguir, estão as três maiores crateras de impacto conhecidas na Terra.


1.1. Cratera Vredefort (África do Sul)

  • Diâmetro: ~300 km (originalmente maior, mas significativamente erodida).
  • Idade Estimada: ~2,023 bilhões de anos.
  • Tamanho do Asteroide: ~10-15 km.
  • Origem Possível: Cinturão de Asteroides.
  • Importância: A cratera Vredefort, localizada na província de Free State, África do Sul, é a maior e mais antiga cratera de impacto conhecida na Terra. Formada durante o período Paleoproterozoico, sua criação marcou um dos eventos geológicos mais intensos da história do planeta. Acredita-se que o asteroide responsável por Vredefort tenha liberado uma quantidade de energia equivalente a milhões de bombas atômicas. O impacto não apenas deixou uma cratera colossal, mas também desencadeou mudanças significativas no ambiente global.

Fragmentos geológicos encontrados na região, conhecidos como “cones de estilhaçamento”, são formados pela pressão extrema do impacto. O estudo desses materiais fornece uma janela para as forças colossais envolvidas na formação da cratera. A estrutura de Vredefort é uma bacia multianelar, o que significa que, além de sua cratera central, existem anéis concêntricos que resultaram do colapso da crosta terrestre após o impacto.

Além de seu valor científico, a cratera Vredefort é reconhecida como Patrimônio Mundial da UNESCO, destacando sua importância para a compreensão da evolução geológica da Terra.


1.2. Cratera Chicxulub (México – Península de Yucatán)

  • Diâmetro: ~150 km.
  • Idade Estimada: ~66 milhões de anos.
  • Tamanho do Asteroide: ~10 km.
  • Origem Possível: Cinturão de Asteroides.
  • Relevância Histórica:

A cratera Chicxulub, localizada na Península de Yucatán, México, é uma das formações geológicas mais estudadas do planeta devido à sua associação com a extinção em massa que marcou o fim do período Cretáceo. Essa extinção resultou no desaparecimento de aproximadamente 75% das espécies da Terra, incluindo os dinossauros não avianos.

O asteroide responsável pela cratera Chicxulub colidiu com a Terra a uma velocidade estimada de 20 a 30 km/s, liberando uma quantidade de energia equivalente a bilhões de bombas atômicas. O impacto desencadeou megatsunamis, incêndios globais e liberou enormes quantidades de poeira e enxofre na atmosfera. Essa poeira bloqueou a luz solar por meses ou anos, causando um “inverno nuclear” que afetou a fotossíntese e levou ao colapso da cadeia alimentar.

Estudos geológicos detalhados indicam que a cratera de Chicxulub se estende por uma grande área submersa sob o Golfo do México, com parte de sua estrutura atingindo a terra firme da Península de Yucatán. Perfurações realizadas na região revelaram esferas de vidro derretido, quartzo chocado e altas concentrações de irídio — um elemento raro na crosta terrestre, mas comum em asteroides.

A descoberta e análise de Chicxulub na Península de Yucatán não apenas confirmaram a ligação entre impactos de asteroides e extinções em massa, mas também forneceram um modelo para entender como esses eventos moldaram a evolução da vida na Terra. A cratera permanece um campo de estudo ativo, com novas investigações revelando mais sobre o impacto e seus efeitos globais.


1.3. Cratera Sudbury (Canadá)

  • Diâmetro: ~130 km.
  • Idade Estimada: ~1,85 bilhões de anos.
  • Tamanho do Asteroide: ~10 km.
  • Origem Possível: Cinturão de Asteroides.
  • Observação:

A cratera Sudbury, localizada na província de Ontário, Canadá, é uma das maiores e mais antigas crateras preservadas na Terra. Formada durante o período Paleoproterozoico, Sudbury é notável não apenas por seu tamanho, mas também por sua riqueza mineral. A região é uma das maiores fontes mundiais de níquel, cobre, platina e outros metais valiosos, que foram concentrados como resultado do impacto.

Acredita-se que o impacto tenha derretido a crosta terrestre local, criando uma imensa bacia preenchida por lava e rochas derretidas. À medida que essa lava esfriava, metais pesados se separavam, formando depósitos minerais que, hoje, impulsionam a economia de mineração da região.

A cratera Sudbury apresenta uma estrutura elíptica, uma característica atribuída ao ângulo oblíquo de impacto do asteroide. A presença de quartzo chocado e evidências de intensa deformação geológica tornam Sudbury um local fundamental para o estudo de crateras de impacto.

Embora significativamente erodida ao longo de bilhões de anos, Sudbury continua sendo uma das formações mais fascinantes da Terra, tanto do ponto de vista científico quanto econômico.


Essas crateras são janelas para o passado distante do nosso planeta e revelam a frequência e a intensidade dos impactos que moldaram a superfície terrestre. Elas continuam a oferecer novas descobertas à medida que a tecnologia de sensoriamento remoto e a geologia avançam, permitindo análises mais detalhadas e profundas.


2. Outras Crateras Notáveis

Além das maiores crateras de impacto do planeta, existem formações que, embora ligeiramente menores, desempenham um papel fundamental na compreensão da geologia terrestre e dos processos astronômicos que moldaram a superfície da Terra. Essas crateras não só oferecem evidências valiosas sobre o passado catastrófico do planeta, mas também fornecem dados importantes para o estudo de impactos futuros e para a identificação de minerais raros formados sob condições extremas. Muitas dessas crateras apresentam características únicas que atraem o interesse de geólogos, astrobiólogos e climatologistas.


2.1. Cratera Popigai (Rússia)

  • Diâmetro: ~100 km.
  • Idade Estimada: ~35,7 milhões de anos.
  • Tamanho do Asteroide: ~8 km.
  • Origem Possível: Cinturão de Asteroides.
  • Observação: A cratera Popigai, localizada na região da Sibéria, Rússia, é uma das maiores crateras de impacto da Ásia e se destaca por uma característica peculiar e valiosa — a presença de diamantes de impacto. O impacto que formou Popigai foi tão intenso que a enorme pressão e temperatura geradas transformaram depósitos de grafite encontrados no subsolo em diamantes. Esse fenômeno, conhecido como diamantes de impacto, ocorre quando as estruturas cristalinas do carbono são rearranjadas de forma abrupta, criando diamantes industriais de alta qualidade.

Estima-se que a cratera Popigai contenha trilhões de quilates de diamantes, o que a torna uma das maiores reservas do mundo. No entanto, a localização remota e as dificuldades logísticas limitam a exploração dessa riqueza. Cientistas também acreditam que os diamantes de Popigai podem ter propriedades únicas, ideais para aplicações industriais e tecnológicas, especialmente em instrumentos de corte e perfuração avançados.

Além de seu valor econômico, a cratera Popigai fornece pistas valiosas sobre os impactos que podem ter contribuído para eventos de extinção em massa durante o Eoceno. Estudos sugerem que o impacto de Popigai coincidiu com um período de perturbação ambiental, levantando questões sobre o papel de impactos cósmicos na evolução do clima terrestre.


2.2. Cratera Manicouagan (Canadá)

  • Diâmetro: ~70 km (originalmente maior, mas erodida).
  • Idade Estimada: ~214 milhões de anos.
  • Tamanho do Asteroide: ~5 km.
  • Origem Possível: Cinturão de Asteroides.
  • Observação: A cratera Manicouagan, localizada na província de Quebec, Canadá, é uma das crateras de impacto mais bem preservadas e visíveis do espaço. Muitas vezes chamada de “Olho de Quebec”, essa estrutura geológica tem um formato anelar distinto, formado por um lago circular que preenche parte da cratera.

O impacto que formou Manicouagan ocorreu no final do período Triássico, uma era de grandes mudanças ecológicas e biológicas. Embora a relação direta com extinções em massa ainda seja debatida, o evento pode ter contribuído para alterações significativas no meio ambiente da época.

Atualmente, o lago Manicouagan serve como uma importante fonte de energia hidrelétrica, alimentando uma das maiores barragens do Canadá. A cratera representa um exemplo fascinante de como eventos catastróficos do passado podem, com o tempo, se transformar em recursos benéficos para a humanidade.

Do ponto de vista científico, Manicouagan é um laboratório natural para o estudo da resiliência geológica. A análise das rochas na região revelou camadas de material fundido e quartzo chocado — um mineral deformado característico de impactos de alta energia. Essas formações fornecem informações valiosas sobre as pressões e temperaturas geradas durante os impactos, ajudando os cientistas a compreenderem melhor os processos de formação de crateras em outros planetas e luas do Sistema Solar.


2.3. Cratera Kara (Rússia)

  • Diâmetro: ~65 km.
  • Idade Estimada: ~70,3 milhões de anos.
  • Tamanho do Asteroide: ~5 km.
  • Origem Possível: Cinturão de Asteroides.
  • Observação: A cratera Kara, localizada no noroeste da Rússia, é uma das formações de impacto menos conhecidas, mas de grande relevância científica. Formada durante o final do Cretáceo, o mesmo período em que ocorreu o impacto de Chicxulub, a cratera Kara foi originada por um asteroide de aproximadamente 5 km de diâmetro que atingiu a superfície terrestre com força devastadora.

Embora parte da cratera tenha sido erodida e coberta por sedimentos ao longo de milhões de anos, estudos geológicos revelaram camadas espessas de material derretido, o que indica que o impacto foi suficientemente poderoso para derreter grandes volumes de rocha na área. A proximidade da cratera Kara de outras formações de impacto no Ártico levantou hipóteses sobre impactos múltiplos ocorridos durante essa época, sugerindo que a Terra pode ter enfrentado uma “chuva de asteroides” no final do Cretáceo.

A cratera Kara também é um campo de estudo importante para compreender como os impactos influenciam as bacias sedimentares. A análise de sedimentos na área revelou fósseis marinhos bem preservados, o que sugere que a região pode ter sido uma zona costeira durante o impacto. Esses registros paleontológicos oferecem uma rara oportunidade de estudar a interação entre impactos cósmicos e ambientes aquáticos antigos.


Essas crateras não são apenas marcas deixadas por cataclismos passados — elas desempenham um papel ativo na compreensão de processos geológicos, climáticos e evolutivos. Cada cratera adiciona uma peça ao quebra-cabeça da história da Terra, ajudando os cientistas a traçarem a trajetória do nosso planeta através das eras cósmicas.


3. Descobertas Menos Conhecidas

Além das crateras icônicas como Chicxulub (Península de Yucatán), há formações menos conhecidas que desempenham um papel fundamental na pesquisa de impactos cósmicos. Essas crateras, localizadas em diferentes partes do mundo, fornecem informações valiosas sobre os eventos de colisão que moldaram a Terra ao longo de sua história geológica, influenciando o clima, a geografia e até a evolução da vida.

3.1. Cratera Clearwater Lakes (Canadá)

A formação Clearwater Lakes, localizada em Quebec, Canadá, é composta por duas crateras gêmeas, indicando um impacto duplo, possivelmente causado pela fragmentação de um asteroide antes da colisão.

  • Diâmetro e características: A maior das crateras tem aproximadamente 36 km de diâmetro, enquanto a menor mede cerca de 26 km. Ambas estão preenchidas por lagos, o que dificulta a análise direta de suas estruturas geológicas, mas estudos detalhados revelaram evidências de materiais de impacto, como quartzo chocado e tectitas.
  • Idade estimada e impacto: Com cerca de 290 milhões de anos, a formação Clearwater Lakes está associada a um asteroide ou cometa que se fragmentou ao entrar na atmosfera, criando dois impactos quase simultâneos. O tamanho estimado do corpo impactante era de aproximadamente 5 km de diâmetro.
  • Contribuições científicas: A descoberta dessa formação ajudou a entender melhor como asteroides podem se fragmentar antes do impacto, um fenômeno que tem implicações para estratégias de defesa planetária. Além disso, a análise da cratera revelou informações importantes sobre os efeitos do impacto na geologia local, como a formação de estruturas de anéis concêntricos e resquícios de minerais derretidos.

3.2. Cratera Morokweng (África do Sul)

A cratera Morokweng, situada sob o deserto do Kalahari, na África do Sul, é uma das formações mais impressionantes do Hemisfério Sul, tanto pelo seu tamanho quanto pela descoberta de fragmentos do asteroide incrustados no solo.

  • Dimensões e impacto: Com um diâmetro estimado de 70 km, a cratera foi criada por um impacto ocorrido há aproximadamente 145 milhões de anos, durante o período Cretáceo. O asteroide responsável pela formação tinha um diâmetro estimado entre 5 e 8 km.
  • Descoberta de fragmentos: Um dos aspectos mais notáveis da cratera Morokweng é a presença de fragmentos do asteroide preservados no interior da formação. Normalmente, o calor extremo gerado pelo impacto destrói o corpo impactante, mas em Morokweng, pedaços significativos foram encontrados incrustados no solo. Isso permitiu análises diretas da composição do asteroide, revelando uma mistura de metais e silicatos.
  • Relevância para a ciência: Os estudos realizados em Morokweng ajudaram a refinar modelos de impacto e a compreender melhor como grandes colisões podem afetar a crosta terrestre e os ecossistemas locais. Além disso, a descoberta de fragmentos intactos é uma oportunidade rara para comparar diretamente os materiais cósmicos com meteoritos coletados na Terra.

4. Fenômeno de Tunguska (Rússia)

Embora Tunguska não tenha deixado uma cratera visível, o evento que ocorreu em 1908 é um dos mais bem documentados casos de explosão aérea causada por um objeto cósmico. O fenômeno ainda intriga cientistas, servindo como um exemplo chave para entender os perigos de impactos atmosféricos.

  • O que aconteceu: Em 30 de junho de 1908, um objeto celeste, provavelmente um asteroide ou cometa de 50 a 60 metros de diâmetro, entrou na atmosfera da Terra sobre a região de Tunguska, na Sibéria. Antes de atingir o solo, o corpo explodiu a uma altitude estimada de 5 a 10 km, liberando uma energia equivalente a 10-15 megatons de TNT. A explosão devastou aproximadamente 2.000 km² de floresta, derrubando cerca de 80 milhões de árvores.
  • Ausência de cratera: Como o objeto se desintegrou antes de atingir o solo, não deixou uma cratera de impacto, mas a devastação causada pela explosão aérea é comparável a impactos maiores. As ondas de choque foram registradas em estações sísmicas em toda a Europa, e o céu noturno foi iluminado por dias devido à liberação de partículas finas na atmosfera.
  • Estudos e implicações: Cientistas estudam Tunguska para compreender as consequências de explosões atmosféricas de grande escala. Esse evento ajudou a refinar cálculos sobre os efeitos de ondas de choque, incêndios florestais e os potenciais impactos climáticos de explosões desse tipo. Além disso, Tunguska é frequentemente usado como referência para simulações de defesa planetária, ilustrando os danos que um pequeno asteroide pode causar mesmo sem atingir diretamente a superfície.

Essas descobertas e eventos menos conhecidos demonstram como a pesquisa sobre impactos cósmicos vai além das crateras mais famosas. Eles fornecem um panorama mais amplo dos efeitos geológicos, climáticos e biológicos causados por asteroides e cometas, reforçando a necessidade de continuar estudando esses fenômenos para compreender melhor nosso passado e proteger o futuro.


5. Repercussão das Descobertas na Ciência

A compreensão dos impactos de asteroides na Terra trouxe avanços significativos para diversas áreas da ciência, desde estudos geológicos até o desenvolvimento de estratégias para proteger nosso planeta de ameaças futuras. As descobertas relacionadas aos impactos permitiram não apenas entender eventos do passado, como também preparar a humanidade para lidar com possíveis riscos iminentes. As crateras deixadas por colisões históricas, por exemplo, revelaram informações essenciais sobre os ciclos de extinção e a evolução da vida na Terra, enquanto tecnologias modernas buscam mitigar as ameaças representadas por objetos próximos à Terra (NEOs).

5.1. Estudos Geológicos e Climáticos

Os impactos de asteroides desempenharam um papel crucial na evolução geológica e climática da Terra, influenciando tanto o meio ambiente quanto a biodiversidade. As crateras criadas por essas colisões servem como registros naturais, fornecendo pistas sobre os eventos climáticos que ocorreram em períodos geológicos distintos.

  • O impacto de Chicxulub (Península de Yucatán) como exemplo-chave: Descoberto no final do século XX, o impacto Chicxulub, que ocorreu há cerca de 66 milhões de anos, está diretamente associado à extinção em massa dos dinossauros e de cerca de 75% das espécies da Terra. A análise dessa cratera mostrou como os impactos podem desencadear mudanças climáticas catastróficas, como a liberação massiva de poeira e aerossóis na atmosfera, levando a um resfriamento global. Isso gerou condições inóspitas para muitas formas de vida e alterou radicalmente os ecossistemas terrestres e marinhos.
  • Lições sobre o clima e a história da Terra: Além de fornecer uma linha do tempo sobre grandes extinções, essas crateras ajudam os cientistas a reconstruírem padrões climáticos passados. Isso é possível por meio da análise de sedimentos em crateras preenchidas, que contêm informações sobre mudanças na temperatura, níveis de CO₂ e outros fatores climáticos ao longo dos milênios.
  • Avanços na geologia planetária: Estudar impactos na Terra também oferece insights sobre a formação de paisagens em outros corpos celestes, como a Lua, Marte e até asteroides menores. Esse conhecimento é essencial para missões espaciais que buscam entender o ambiente e a evolução do Sistema Solar.

5.2. Riscos Atuais

O estudo de impactos passados também desempenha um papel crítico na preparação da humanidade para possíveis colisões futuras. A ameaça de asteroides e outros objetos próximos à Terra (NEOs) é monitorada constantemente por agências como a NASA, a ESA (Agência Espacial Europeia) e outras instituições científicas ao redor do mundo.

  • Monitoramento e catalogação de NEOs: Programas como o Near-Earth Object Observations da NASA utilizam telescópios em solo e no espaço para identificar e catalogar asteroides e cometas que possam representar riscos para o planeta. Até o momento, milhares de objetos foram identificados, permitindo a criação de simulações detalhadas para prever sua trajetória e avaliar os riscos de impacto.
  • Simulações e estratégias de defesa planetária: Estudos baseados em impactos históricos, como o de Tunguska (1908) e Chicxulub (Península de Yucatán), são fundamentais para desenvolver estratégias de defesa. Eles ajudam a prever os danos potenciais causados por diferentes tamanhos de asteroides, velocidade de impacto e ângulo de entrada na atmosfera.
  • Testes de desvio de asteroides: Em 2022, a NASA realizou um marco histórico com a missão DART (Double Asteroid Redirection Test), que testou a possibilidade de alterar a trajetória de um asteroide colidindo intencionalmente uma espaçonave contra ele. A missão demonstrou que tecnologias modernas podem ser usadas para evitar colisões catastróficas, representando um avanço significativo na proteção planetária.
  • Cooperação internacional: O monitoramento e a defesa contra impactos requerem esforços conjuntos de diversos países e instituições. A Organização das Nações Unidas, por exemplo, apoia iniciativas como o Escritório de Assuntos do Espaço Exterior (UNOOSA), que promove a colaboração científica e tecnológica para enfrentar ameaças globais dessa natureza.

Esses esforços contínuos mostram como o estudo dos impactos de asteroides não apenas expandiu nossa compreensão sobre o passado, mas também abriu caminho para proteger a Terra de possíveis catástrofes futuras.


Conclusão

As crateras de impacto são mais do que simples marcas na superfície terrestre: elas representam páginas vivas de um livro que narra a história do nosso planeta e sua interação constante com outros corpos celestes. Cada cratera é uma cápsula do tempo, oferecendo pistas sobre as eras passadas, desde períodos de intensa atividade vulcânica até eventos de extinção em massa que redefiniram a biodiversidade da Terra. A análise dessas formações permite que os cientistas compreendam não apenas a geologia do planeta, mas também os processos dinâmicos que moldaram o Sistema Solar ao longo de bilhões de anos.

Além de seu valor histórico, o estudo das crateras de impacto é essencial para projetar o futuro da humanidade. Ao entender os padrões de colisões passadas, os pesquisadores podem estimar a frequência de eventos semelhantes e monitorar asteroides que possam representar riscos ao planeta. Essa vigilância ativa, aliada a iniciativas como a missão DART da NASA, voltada para o desvio de asteroides, demonstra como o conhecimento do passado pode ser aplicado para proteger o futuro.

A evolução das tecnologias de sensoriamento remoto, imagens de alta resolução e inteligência artificial tem acelerado a identificação de novas crateras, mesmo em áreas densamente cobertas por vegetação ou submersas nos oceanos. À medida que mais crateras são descobertas, um quadro mais completo da história cósmica do nosso planeta emerge, permitindo que os cientistas façam conexões mais profundas entre os eventos geológicos da Terra e os processos universais que ocorrem em outros planetas e luas.

Essas formações não apenas moldam nossa compreensão do universo, mas também nos lembram de que a Terra faz parte de um ecossistema cósmico em constante mudança. As crateras de impacto são lembretes tangíveis de que, embora vivamos em um planeta vibrante e cheio de vida, estamos sujeitos às forças imprevisíveis do espaço. Com o avanço das pesquisas e a preparação para futuras ameaças espaciais, o estudo das crateras continuará a desempenhar um papel crucial na proteção do planeta e na exploração do cosmos.

Saiba mais:

1. Ameaças do Espaço: A Possibilidade de Impactos de AsteroidesBlog VerveYou 26/01/2025

2. Como Telescópios Automáticos Estão Transformando a Busca por Novos Asteroides – Blog VerveYou 21/01/2025

Referências:

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